Navegando por Assunto "Estrangeiros na literatura"
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Item Por banheiros, ruas e pontes recifenses: os trajetos homoeróticos do "estrangeiro" Tulio Carella na obra Orgia(2018) Sousa, Nomager Fabíolo Nunes de; Almeida, Sherry Morgana Justino de; http://lattes.cnpq.br/5332850255576710; http://lattes.cnpq.br/9516750443256807Em 1960, chegava a Recife o dramaturgo argentino Tulio Carella, mas, em decorrência da solidão e dos desejos sexuais, ele acaba por experienciar e conhecer um novo “eu”. Registrava em diários as suas experiências homoeróticas, resultantes dos contatos íntimos com outros homens pelos espaços públicos da cidade. Através de uma linguagem “crua”, os seus registros revelaram um ângulo clandestino do comportamento sexual masculino na metrópole, que transpirava tensões políticas e sociais. Os encontros do estrangeiro alimentaram suposições de que ele seria um criminoso e, devido às circunstâncias, foi preso, torturado e deportado. Posteriormente, trabalhou a literalidade dos diários, que foram traduzidos e publicados no Brasil, intitulados de Orgia. A repercussão da obra chegou à Argentina e as associações negativas entre autor/personagem fizeram com que Carella caísse num ostracismo socioliterário. Este trabalho, portanto, busca analisar a obra Orgia, a partir do fenômeno homoerótico masculino, vivenciado e registrado pelo olhar da personagem Lúcio Ginarte (alter egodo autor), na cidade de Recife, destacando, em seus trajetos, as sensações e marcas socioculturais experienciadas através dos corpos e dos espaços urbanos da metrópole. As reflexões partem desde um breve percurso histórico e das dimensões teóricas sobre o homoerotismo, dão luz à apresentação da obra e do autor, rememorando alguns aspectos biográficos e situacionais de ambos, além da (re)visitação a Orgia, da ilustração do fenômeno homoerótico através do olhar “estrangeiro” e dos indícios de que ele não é somente um ser proveniente de outra nação, mas também um ser estranho no seu íntimo, desconhecendo os seus desejos sexuais e a si mesmo. Por fim, encerra-se com algumas considerações/inquietações sobre a ideia de uma cidade com um espaço público dividido entre o mundo “heterossexual” e o “gay”, sendo este último fortemente marcado pelos signos da marginalização, da solidão e representação da ruptura de um padrão normatizador.
