Futebol, literatura e sociedade em Desporto-Rei, de Romeu Correia

Abstract

O romance neorrealista, talvez mais que outras formas de expressão literária, não se alheia aos problemas da conjuntura histórica em que foi produzido. Considerando-se essa premissa, é investigado o romance Desporto-Rei (1955), em busca de desvendar como o seu autor, o escritor Romeu Correia, abordou uma questão-chave de seu mundo: o abandono da prática —dita saudável —do futebol como esporte amador, em benefício de se transformar num instrumento de crescimento financeiro; e em que nível interesses políticos comandados por António Oliveira Salazar, que governou Portugal entre 1932 e 1968, influenciaram no desenvolvimento do esporte. Recorrendo-se a estudos de Antonio Candido (2005) sobre a relação da literatura com a sociedade e sobre a personagem na ficção; da narratologia de Mieke Bal (1998); bem como sobre a situação histórica de Portugal e, especificamente, do futebol e sua relação com os estrangeiros —de Neill Lochery (2012) e Ricardo Serrado (2009) —, é analisada a narrativa em sua inserção histórica.